Príncipe — Gustavo Lacombe


O problema de alguns homens é achar que, depois que uma mulher abre as pernas pra ele, ele não precisa mas abrir as portas. Acha que não precisa mais fazer um carinho, perguntar sobre os problemas, muito menos tentar ser um amigo. Pensa que apenas ser o homem dela, no sentido de apenas atender as necessidades sexuais ou, por que não?, econômicas, resolve. Não resolve.

A mulher quando está com o cara não quer saber se você vai levá-la num restaurante caro na sexta à noite. Pode até ser que nessa sexta vocês saiam, mas ela quer é que as segundas, aquelas desmotivantes de início de semana, possam terminar nos braços dela. Ainda que para isso, você tenha que acordar mais cedo no dia seguinte para ir trabalhar. Nada pagará acordar ao seu lado. 

É simples e, ao mesmo tempo, complicado agradar uma mulher. Só que, com o passar da relação, acabamos deixando de fazer as coisas que fazíamos por ela no início. Já não abrimos mais as portas do carro, da casa, do restaurante. Já não puxamos a cadeira, não compramos uma rosa, não escrevemos um cartão. Não dedicamos uma tarde para não fazer nada. A gente acha que, por já ter a conquistado, não é preciso mais agrada-lá. Como se depois de plantada, uma semente não precisasse ser regada.

É até possível entender um homem que faça menos. Só que esse é o mesmo homem que irá cobrar ela arrumada e maquiada na hora de sair. E o que ela ganha de volta? É necessário um esforço. Se o caro diz ser o mesmo do começo do relacionamento, ele precisa demonstrar em suas atitudes que aquele príncipe ainda está lá. Se ele virou sapo, bom, existem muitos outros que podem ser beijados por aí.

Faça com que os outros caras te chamem de bicha, que olhem torto e riam, mais puxe uma cadeira para mulher e faça com que as suas namoradas encarem eles e perguntem "por que você não faz a mesma coisa?". São gestos tão pequenos que passam despercebidos. Tanto que são esquecidos. Não deixe. Nem toda mulher lembra de todos os homens que abriram o zíper do seu vestido, mas sabem exatamente quem abriu a porta do carro e fez abrir um sorriso no seu rosto. 

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