Apenas


Eu poderia passar o dia inteiro na cama imaginando cenas daquilo que seria o meu dia perfeito, o meu dia ao teu lado. Poderia ensaiar mil frases, fazer mil gestos diferentes só para te agradar e te mostrar que não haveria lugar melhor que este, a cama de solteiro ocupada por duas pessoas. Sim, porque eu não me importaria da cama ser pequena, desde que nela coubesse nós dois juntos como um só corpo. Seríamos. E não haveria desconforto, apenas proximidade.

Enquanto isso, entre um chamego e outro, poderíamos fazer visitas braves à cozinha. Nos alimentaríamos de besteiras, café bem quente e brigadeiro de panela. Talvez o dia começasse com você me trazendo café com leite e pão com manteiga na cama. Coisa simples, daquelas bobeiras que arrancam sorrisos de mostrar os dentes. Ou talvez apenas acordássemos com um movimento mais brusco, uma troca de posição e nada mais. Um lapso no sono apenas para confirmar. Sim, estaríamos ali.

Ao correr dos ponteiros do relógio, nos apaixonaríamos novamente um pelo outro. Seriam olhos nos olhos, um brilho reaceso e a esperança renovada. E eu poderia te deixar dormir no meu peito, sentindo o meu cheiro de sono, enquanto eu também dormiria. Porque estar ao teu lado é viver sem os pés no chão, é leveza igual a de flutuar. Nenhum problema, nenhum peso. Nós, apenas. Ainda de pijamas, faríamos o nosso melhor. Revezamento de atividades e vontades satisfeitas.

E quando eu dissesse estar com frio, você me aqueceria com as mãos nas minhas costas, por baixo da blusa. E sem meias, nossos pés se entrelaçariam daquele jeito único, quase um nó de pernas e pés. Eu poderia passar o resto da vida sentindo o cheiro do seu pescoço. Cheiro só seu, inconfundível. E enquanto tocaria aquela música que fala de amor, eu acordaria sabendo que é a voz do meu amor que me chama lá fora. E por um momento, entre o sonho e a realidade, eu perceberia que o dia inteiro passou e que nada disso aconteceu. Sonhei. Apenas.



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