Te procuro.


Li uma vez, n'algum canto qualquer, que a gente procura sempre alguém pra esconder nossos medos e chorar nossas lamúrias. Que o ser humano precisa de colo, de carinho e de qualquer abraço que deixe leve tudo o que pesa e que transborda quando a tristeza é demais, então desculpa todas as vezes que muito falo e falo e falo, não deixando um espaço sequer pros suspiros pacientes de gente que não tá muito acostumada a ouvir demais. Mas é que me faz bem - tão bem- te ter por perto, ainda que seja só em voz de sono no telefone, agora que nosso contato já não é mais tão direto. Eu te procuro sempre. Sempre que algo não dá certo e dilacera minha auto-confiança e vontade de continuar, sempre que alguém pisa em cima do meu calo, querendo me prejudicar, eu te procuro. Penso singular em você. Só você, a primeira pessoa é sempre você, depois vem alguns poucos outros, mais primeiro eu te procuro e quero ouvir tua voz rouca, teu riso manso e teu respirar impaciente, pra depois me encher de elogios, ou um abraço cheio daquela arte de incomodar que tu é meste, que eu tanto amo e tanto odeio. Acho que nosso amor é um tanto isso: a arte de irritar, de incomodar, de provocar. De prender, de amassar, de sufocar de tanta cócega. E eu te procuro sempre que algo dá certo demais, sempre que o dia acorda cantando, sempre que o humor dança tango e sorri feito bobo, como se recém tivesse ganhado um punhado de algodão-doce. Te contei? Eu fico boba com esse pedacinho de céu açucarado chovendo no meu céu da boca, anota aí, pra quando me ver num daqueles dias tempestivos. Anyway, rapaz. Eu te procuro sempre, seja pra aliviar aquilo que incomoda - pra não deixar acomodar, seja pra dividir aquilo que saltita. Quero um pedaço meu sempre do teu lado, quero os segredos todos revelados e a certeza de que te dei todos os lados da minha face geminiana e todas as oscilações de quem sou e daquilo que vivo. Quero compartilha vida, rapaz. Quero compartilhar a minha vida. E quando se trata de compartilhar vida, eu te procuro sempre.

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